sábado, 21 de janeiro de 2012

Ela também adorava matar o tempo desespelhado da chuva. Tomava chuva apenas para tentar capturar alguma luz despenumbrada. Nestas horas de solidão, ela procurava se salvar dos seus pensamentos que refletiam as suas ausências. Fingia ser cega em tardes de domingos e feriados. Não suportava o infinito dos instantes passando longe dela para recolher as suas sombras abandonadas. Abria os olhos para desassombrar dos ventos tardios e doentios. Sonhava com o tempo excedente do mundo mais jamais o via. Morria de medo de morrer à noite mas estava sempre “pronta para o silêncio grande da morte”. Às vezes, em plena luz do dia, pedia licença para morrer só por uns instantes.

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